Triticum aestivum L.
Nome comum: trigo
Família: Poaceae
Origem: Origem incerta,
provavelmente Médio Oriente
Local: Pico da Pedra
25 de dezembro de 2021
Triticum aestivum L.
Nome comum: trigo
Família: Poaceae
Origem: Origem incerta,
provavelmente Médio Oriente
Local: Pico da Pedra
25 de dezembro de 2021
Metrosíderos
em São Miguel
De
nome comum metrosídero ou árvore-de-fogo, a árvore mais emblemática do Campo de
São Francisco, em Ponta Delgada, é um Metrosíderos excelsa Sol. ex Gaertn., espécie originária da Nova Zelândia
que no local de origem é conhecida por (New Zeland) Christmas Tree.
O
metrosídero da espécie mencionada, que pode atingir, em média, 20 metros de
altura e possuir copas com mais de 30 metros de diâmetro, floresce entre nós
nos meses de maio, junho e julho.
O
metrosídero do Campo de São Francisco, que terá sido plantado por volta de
1870, tendo uma idade aproximada de 150 anos, foi incluído por António Emiliano
Costa no início da década de 50 do século passado numa lista de árvores
notáveis de São Miguel, publicada no Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais
do Arquipélago dos Açores.
A
28 de maio de 1965, o metrosídero que vimos referindo foi a primeira árvore a
ser classificada nos Açores como sendo de interesse público.
O
Metrosideros excelsa Sol. ex Gaertn., que nos
Açores apenas não existe nas ilhas de Santa Maria e São Jorge, é usado
sobretudo com fins ornamentais, em jardins, parques e arruamentos, também tem
sido utilizado como sebe viva.
Para
além do exemplar já referido, talvez menos conhecido do público devido à sua
localização, no Jardim do Palácio de Santana, criado em 1851, por José Jácome
Correia, existe um de porte notável que possui uma idade aproximada de 170 anos
e tem uma altura de 24 metros e uma copa com 37 metros de diâmetro.
De
acordo declarações do Eng. José António Pacheco, publicadas no suplemento
“Fugas” do Jornal Público, no passado dia 20 de março de 2021, o metrosídero do
Jardim do Palácio de Santana, para além da sua beleza, está associado a muitos
casamentos que ocorrem na ilha de São Miguel. Segundo ele, “quase todos os noivos tiram as fotografas debaixo do metrosídero. Parece quase uma catedral, tem essa mística
associada às árvores e as árvores por si estão associadas à ideia de família”.
Também
é digno de registo o exemplar de Metrosideros excelsa Sol. ex Gaertn.
existente no Jardim António Borges, que foi criado por António Borges da Câmara
Medeiros em 1858.
O
agrónomo e arquiteto paisagista António Saraiva, no seu livro “As árvores na
cidade”, publicado em 2020, considera que podendo a espécie referida “atingir
grande desenvolvimento, e que possui forte sistema radicular, deve-se evitar
plantá-la junto a edifícios ou tubos de drenagem”. O mesmo autor, também
considera que a espécie não deve ser usada como árvore de arruamento por ter
rebentação a baixa altura.
Embora
para alguns autores, como Virgílio Vieira, Mónica Moura e Luís Silva, o Metrosideros
excelsa Sol. ex Gaertn. já seja considerado uma espécie invasora em
encostas rochosas, o Decreto Legislativo Regional nº 15/2012/A (Regime jurídico
da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade) ainda inclui a
espécie, tal como a robusta, na lista das espécies exóticas com
interesse para a arborização.
Na
ilha de São Miguel, para além da espécie referida há outras espécies ou
variedades, como o Metrosíderos collina (J.R. Forst. & G. Forst.) A.
Gray ‘Tahiti’, existente no Parque Terra Nostra, o Metrosideros
excelsa Sol. ex Gaertn.’Variegata’, que existe em São Vicente Ferreira e o Metrosideros
umbellata Cav. que pode ser encontrado no Jardim do Palácio de Santana, no
Jardim da Universidade dos Açores, no Jardim Botânico José do Canto, no Parque
Terra Nostra e no Centro Experimental das Furnas, o Metrosideros
robusta A. Cunn que pode ser visto no Parque Terra Nostra e o no mesmo
parque também pode ser encontrado o Metrosideros kermadecensis
W.R.B.Oliv..
Raimundo
Quintal, no texto “Árvores monumentais nos jardins, parques e matas de São
Miguel-Proposta de classificação”, publicado em 2019, defende a classificação
de um exemplar do Metrosideros robusta A. Cunn existente no Parque Terra
Nostra e que seja mantida a classificação do Metrosíderos excelsa Sol.
ex Gaertn. exustente no Campo de São Francisco e que sejam classificados um
exemplar da mesma espécie existente no Jardim António Borges e dois existentes
no Jardim do Palácio de Santana.
(Correio dos Açores, 32621, 31 de dezembro de 2021,
p.19)
Vicia faba L.
Nome comum: fava, faveira
Família: Fabaceae
Origem: Provavelmente originária do Próximo Oriente ou Ásia Menor
Local: Ribeira Seca de Vila Franca
do Campo
30 de maio de 2002
Euphorbia cotinifolia L.
Nome comum: Árvore-de-cobre
Família: Euphorbiaceae
Origem: México e América do Sul
Local: Jardim da Escola Secundária
Antero de Quental
21 de dezembro de 2021
Egeria densa Planch.
Nome comum: Elódea
Família: Hydrocharitaceae
Origem: Argentina, Brasil e Uruguai
Local: Jardim da Escola Secundária
Antero de Quental
21 de dezembro de 2021
Nota: Espécie invasora (listada
no Decreto-Lei nº
92/2019, de 10 julho).
Arvoredo de Interesse Público na Região Autónoma dos
Açores
No passado dia 20 de dezembro, fui
ouvido pela Comissão Especializada Permanente de Assuntos Parlamentares,
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CAPADS) acerca do Projeto de Decreto
Legislativo Regional n.º 37/XII– “Regime
jurídico da classificação de arvoredo de interesse público na Região Autónoma
dos Açores”, apresentado pelo PS-Partido Socialista e do Projeto
de Decreto Legislativo Regional n.º 38/XII– “Regime
Jurídico de Classificação do Arvoredo de Interesse Público na Região Autónoma
dos Açores”, apresentado pelo PSD-Partido Social Democrata, pelo
CDS-PP-Centro Democrático Social, pelo PPM-Partido Popular Monárquico e pelo PAN-
Partido Pessoas-Animais-Natureza.
Os projetos referidos surgem na
sequência da petição “Pela Classificação de árvores notáveis nos Açores” que,
depois de lançada a 21 de março de 2019, viu o relatório da Comissão que o
analisou ser debatido em Plenário da ALRA a 12 de dezembro do mesmo ano.
Numa análise global, verifica-se que não
há diferenças de fundo entre os dois projetos pelo que defendi que os mesmos
deveriam aprovados, depois de serem fundidos num só. Esta solução já havia sido
acordada pelos partidos envolvidos no assunto.
No que diz respeito às definições de
alguns conceitos enquanto que o segundo apresenta 7, o primeiro fica-se pelas
5, apresentando a definição de “arvoredo” mais completa.
Apreciei o conjunto de princípios que
são apresentados no segundo projeto. Destaco os seguintes:
- A valoração de material vegetal é
observada com recurso ao método Norma Granada.
- Os tratamentos fitossanitários e
as demais operações e intervenções a realizar no arvoredo classificado ou em
vias de classificação são executadas por técnicos com formação certificada em
arboricultura.
- Não é permitida a afixação de
placas ou sinais no arvoredo classificado ou em vias de classificação.
Relativamente aos critérios gerais
de classificação do arvoredo, enquanto que o primeiro projeto transcreve os que
existem a nível nacional, o segundo faz algumas alterações que para mim poderão
ser confusas ou mesmo repetitivas. Assim, qual a diferença entre idade e longevidade
ou entre porte e dados dendrométricos?
Sobre esta última questão na
legislação nacional o Critério Geral do Porte é apreciado pelo Parâmetro
Monumentalidade corresponde a exemplares que apresentam grandes dimensões, no
contexto da sua espécie, nos subparâmetros dendrométricos: altura total (AT), perímetro do tronco na base
(PB), perímetro do tronco à altura do peito (PAP) e diâmetro médio da copa
(DMC).
As grandes diferenças apresentadas são
em relação à classificação/desclassificação do arvoredo. Assim, enquanto no
primeiro projeto são os responsáveis pelos departamentos governamentais com
competência em matéria de ambiente e florestas quem classifica, na segunda a
responsabilidade é atribuída à Direção Regional do Ambiente e das Alterações Climáticas
em conjunto com a Direção Regional da Cultura. No que diz respeito à
desclassificação para o primeiro projeto são as mesmas entidades, no segundo a
competência é atribuída apenas à Direção Regional do Ambiente.
No que diz respeito ao assunto referido
no período anterior, a minha opinião é a de que a competência para classificar
ou desclassificar deverá ser atribuída aos departamentos governamentais com
competência em matéria de ambiente e florestas, sendo sempre auscultado o
departamento governamental com competência em matéria de cultura sempre que o
ou os critérios para classificação ou desclassificação disserem respeito a
parâmetros culturais.
Outra diferença entre as duas propostas
diz respeito às contraordenações. Assim, os valores apresentados no segundo
projeto são a metade dos propostos no primeiro. Não vou tomar partido por
nenhum, mas espero que os montantes que vieram a ser aprovados sejam tais que
façam com que o “crime” não compense.
Faço votos para que a legislação seja
aprovada o mais depressa possível e que, dentro dos prazos estabelecidos se
proceda à revisão das classificações anteriormente realizadas e se procedam a
novas classificações.
(Correio dos Açores,
32614, 22 de dezembro de 2021, p.12)
Euphorbia umbellata (Pax) Bruyns
Nome comum: Sinadénio
Família: Euphorbiaceae
Origem: África Ocidental Tropical
Local: Bairro Arcanjo Lar (Ponta
Delgada)
16 de dezembro de 2021
Quercus em
São Miguel
O
texto que, hoje, proponho aos leitores do Correio dos Açores não é sobre uma
Organização Não-Governamental de Ambiente de âmbito nacional que no passado
possuiu um núcleo muito ativo na ilha de São Miguel, a Quercus, que deve o seu
nome “por ser essa a designação comum em latim atribuída aos Carvalhos, às Azinheiras
e aos Sobreiros, árvores características dos ecossistemas florestais mais
evoluídos que cobriam o nosso país e de que restam, atualmente, apenas
relíquias muito degradadas.” Não pretendendo ser exaustivo, nesta nota apenas
farei referência a algumas espécies do género Quercus existentes na ilha de São
Miguel e a alguns locais onde podem ser encontradas.
Antes de entrar
propriamente no assunto, menciono duas árvores já desaparecidas que marcaram a
minha infância, na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo: o carvalho do senhor
Arcádio Teixeira e o sobreiro da Granja.
O carvalho do senhor
Teixeira, que era da espécie Quercus pyrenaica caiu em 1970 e não terá
deixado descendentes na nossa ilha e o sobreiro (Quercus suber) da
Granja, que visitei quando frequentava a escola primária, entre 1964 e 1968,
desapareceu sem deixar rasto.
Hoje, é possível
encontrar sobreiros, originários do Sul da Europa e do Norte de África, no
Jardim António Borges, no Jardim José do Canto e no Parque Terra Nostra.
A azinheira (Quercus
rotundifolia), oriunda do Sul da Península Ibérica e do Norte de África, pode
ser encontrada nos espaços ajardinados da Casa de Saúde de São João de Deus, no
Parque Terra Nostra, no Parque Dona Beatriz, na Mata Jardim José do Canto e no
Jardim Padre Fernando Gomes.
O Quercus rubra, carvalho-vermelho-norte-americano,
que tal como o nome comum indica é oriundo da América do Norte, pode ser visto
no Jardim António Borges, no Parque Terra Nostra e no Parque Dona Beatriz do
Canto.
O Quercus robur,
carvalho-roble ou carvalho-alvarinho, é europeu e pode ser visto no Jardim José
do Canto, no Jardim da Universidade dos Açores, no Jardim do Palácio de
Santana, no Pinhal da Paz, no Parque Terra Nostra, no Parque Dona Beatriz do
Canto e na Mata Jardim José do Canto.
O Quercus nigra,
carvalho-aquático, que veio do Sudeste dos Estados Unidos da América, pode ser
encontrado no Jardim José do Canto, na Mata Jardim José do Canto, no Jardim do
Palácio de Santana, no pinhal da Paz e no Parque Terra Nostra.
O Quercus acutissima,
que é originário do Este da Ásia (China, Japão e Coreia) pode ser visto no
Jardim José do Canto.
O carvalho-dos-pântanos
(Quercus palustris), do Este dos EUA e do Sudeste do Canadá, pode ser
encontrado no Jardim da Universidade dos Açores, no Parque Terra Nostra, no
Viveiro Florestal das Furnas, no Parque Beatriz do Canto e na Mata Jardim José
do Canto.
O carvalho-salgueiro (Quercus
phellos), originário dos Sul dos EUA, existe no Parque Terra Nostra.
O Quercus x hispanica
do Sul da Europa pode ser visto no Jardim José do Canto.
O geógrafo Raimundo
Quintal, especialista em fitogeografia, no seu texto “Árvores monumentais nos
jardins, parques e matas de São Miguel- Proposta de classificação”, publicado
em 2019, sugere a classificação de dois exemplares de Quercus rotundifólia,
um existente na Mata Jardim José do Canto, nas Furnas, e outro no Jardim
Botânico José do Canto.
Teófilo
Braga
(Correio
dos Açores, 32603, 8 de dezembro de 2021, p. 14)
Arisarum vulgare Targ.-Tozz.
Nome comum: Candeias, capuz-de-frade
Família: Araceae
Origem: Mediterrâneo
Local: Parque Maria das Mercês
Carreiro (Pico da Pedra)
24 de novembro de 2021
Prunus laurocerasus L.
Nome comum: Louro-cerejo
Família: Rosaceae
Origem: E Península Balcânica, Cáucaso, Anatólia e Irão
Local: Parque Maria das Mercês
Carreiro (Pico da Pedra)
24 de novembro de 2021
Platycladus orientalis (L.) Franco
Nome comum: Tuia-da-China
Família: Cupressaceae
Origem: China e Japão
Local: Parque Maria das Mercês
Carreiro (Pico da Pedra)
24 de novembro de 2021
Araucárias
há muitas!
A
paixão que tenho pelas plantas vem desde criança, de tal modo que desde muito
novo me impressionaram duas árvores existentes na minha terra natal, a Ribeira
Seca de Vila Franca do Campo, existentes num prédio então pertencente ao senhor
Arcádio Teixeira: uma araucária e um carvalho, ambas de enorme porte.
No
texto desta semana, apenas vou fazer referência às araucárias, nomeadamente a
algumas das espécies existentes em São Miguel, a sua origem, onde poderão ser
encontradas e como terão cá chegado.
A
araucária da Ribeira Seca, tal como a esmagadora maioria das araucárias
existentes na ilha de São Miguel, é a Araucaria heterophylla, oriunda da
ilha de Norfolk, podendo ser encontrada em todas as ilhas dos Açores, exceto no
Corvo.
Outra
araucária, um pouco menos comum, é a denominada pinheiro-da-Nova Caledónia (Araucaria
columnaris), oriunda da Nova Caledónia e das Novas Hébridas (Vanuatu). Na
ilha de São Miguel pode ser encontrada no Jardim do Palácio de Santana, no
Jardim Botânico José do Canto, no Jardim da Universidade dos Açores, no Parque
Terra Nostra, na Praia do Pópulo e no Bairro Alcino-Alves, na Relva.
A
araucária-de-bidwill (Araucaria bidwillii), oriunda da Austrália pode ser
encontrada na nossa ilha, nomeadamente no Jardim do Palácio de Santana, no
Jardim Botânico José do Canto, no Parque Terra Nostra e no Parque Beatriz do
Canto.
No
Jardim do Palácio de Santana e no Parque Terra Nostra é possível encontrar
outra araucária, conhecida pelo nome de pinheiro-do-Paraná (Araucaria
angustifolia), originária do Brasil.
No
Jardim do Pico Salomão é possível encontrar a Araucaria rulei, da Nova
Caledónia.
A
araucária-do-Chile (Araucaria araucana), nativa do sul do Chile e do
sudoeste da Argentina é uma das cinco espécies presentes no Parque Terra
Nostra.
No
Jardim Botânico José do Canto e no Jardim do Palácio de Santana encontra-se a Araucaria
cunninghamii, nativa da Austrália e da Nova Guiné.
De
acordo com Carreiro da Costa os principais responsáveis pela introdução de
araucárias na ilha de São Miguel, no século XIX, foram José do Canto, António
Borges e Simplício Gago da Câmara. Enquanto os dois primeiros as adquiriram a
viveiristas europeus, o último trouxe-as da Austrália.
O
mesmo autor afirma também que através da consulta que fez ao “Agricultor
Micaelense” chegou à conclusão de “que as primeiras araucárias semeadas ou
plantadas em S. Miguel se deveram, realmente, ao construtor do Yankee Hall das
Furnas, ou seja, a Thomas Hickling, ou então a alguém da sua família”.
Embora
a madeira das araucárias possa ser usada para os mais diversos fins, entre nós
a planta é usada para fins ornamentais, quer em jardins públicos ou privados.
Raimundo
Quintal, no texto “Árvores monumentais nos jardins, parques e matas de São
Miguel-Proposta de classificação”, publicado em 2919, defende a classificação
das seguintes araucárias da ilha de São Miguel:
Araucaria
bidwillii- um exemplar no Jardim Botânico José do Canto, um no
Parque Beatriz do Canto e um no Parque Terra Nostra;
Araucaria
columnaris- Um exemplar no Jardim António Borges, um no Jardim
José do Canto, um no Jardim do Palácio de Santana, um no Jardim da Universidade
dos Açores e um no Parque Terra Nostra;
Araucaria
heterophylla- Um exemplar no Jardim António Borges, um
no Jardim José do Canto, um no Jardim do Palácio de Santana, um no Parque
Beatriz do Canto, um no Parque Terra Nostra e um no Centro de Monitorização e
Investigação das Furnas, na margem Sul da Lagoa das Furnas.
Teófilo
Braga
(Correio
dos Açores, 17 de novembro de 2021, p.15)
O eucalipto-limão do Jardim Dr. António da Silva Cabral
Vila Franca do Campo possui dois jardins, o Jardim Antero de Quental, o
mais central que é ladeado pela Igreja Matriz de São Miguel Arcanjo, pela
Igreja da Misericórdia e pela Câmara Municipal, e o Jardim Dr. António da Silva
Cabral, localizado na freguesia de São Pedro, em frente ao antigo Convento dos
Franciscanos.
O Jardim Dr. António da
Silva Cabral foi contruído após a expropriação do terreno onde está implantado,
pela Junta Geral do Distrito, em 1901.
De acordo com a informação que recolhi na brochura “Jardim Dr. António da
Silva Cabral”, da autoria do investigador da história local Eduardo Furtado,
sobre as razões apresentadas para a construção de um jardim, na ata da sessão
da Câmara Municipal, de 22 de maio de 1901, pode-se ler o seguinte:
“O Sr. Presidente fez várias considerações sobre a necessidade que havia de
um largo ajardinado, ou jardim, na freguesia de São Pedro desta Vila, porque
naquela freguesia não há arborização alguma. A construção de um jardim era
conveniente não só por ser higiénico, mas também porque servindo o jardim de
distração, evita-se que principalmente a classe operária, passe os domingos nas
tabernas. Como existe já um largo da Junta Geral, a Câmara expropriando uma
pequena parte do quintal de Ana Máxima Teixeira, obtém necessário para fazer um
bom jardim que pode ser feito economicamente, empregando ali os empregados da
Câmara.
A Câmara deliberou que se faça ali um jardim, que se exproprie o terreno
pertencente à dita Ana Máxima Teixeira e encarrega o senhor Presidente [Dr.
António da Silva Cabral] de dirigir os serviços de jardinagem e aformoseamento
do dito Largo de S. Francisco.
No trabalho de Eduardo Furtado é apresentada uma lista
de 23 espécies que são consideradas como as principais existentes no jardim.
Curiosamente não é referido o bonito eucalipto-limão (na altura classificado
como Eucalytus citriodora e agora Corymbia citriodora) talvez por
ser confundido com a espécie mais comum o Eucalyptus globulus.
O eucalipto limão é uma árvore, pertencente à família Myrtaceae, originária
da Austrália que, de acordo com
informação recolhida numa página Web da Universidade de Trás-os-Montes e Alto
Douro, foi introduzido em África, no Brasil, na China, nos Estados Unidos da
América (Califórnia), no Hawai, na Índia e em Portugal (residualmente).
Desconhece-se quando e quem introduziu a
espécie nos Açores, mas poderá ter sido José do Canto, pois a espécie consta do
“Catálogo por ordem alfabética das espécies plantadas entre Maio de 1865 e
Setembro de 1867” no Jardim José do Canto.
Árvore de folha persistente, o eucalipto-limão,
que floresce nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro na ilha de São Miguel,
pode ser encontrado no Jardim do Palácio de Santana, no Jardim da Universidade
dos Açores, no Jardim do Pico Salomão, na Escola Secundária das Laranjeiras e
numa quinta particular na Ribeira Nova, na freguesia da Ribeira Seca de Vila
Franca do Campo.
Entre nós a planta é usada essencialmente com
fins ornamentais, mas a sua madeira é usada na construção civil ou como
combustível e as suas flores, que apresentam estames branco-amarelados, são
melíferas. Além disso, a partir da planta podem ser extraídos vários óleos, um
dos quais é um inseticida natural, podendo ser usado também em perfumaria.
Raimundo Quintal, doutorado em Geografia Física
pela Universidade de Lisboa, especialista em fitogeografia, num texto
intitulado “Árvores monumentais nos jardins, parques e matas de São
Miguel-Proposta de classificação”, publicado em 2019, propõe que sejam
classificados de interesse público dois eucaliptos-limão dos existentes em São
Miguel, o do Jardim do Palácio de Santana e o do Jardim Dr. António da Silva
Cabral.
Teófilo Braga
Correio dos Açores, 27 de outubro de 2021, p.15