quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Araucárias há muitas!

 


Araucárias há muitas!

 

A paixão que tenho pelas plantas vem desde criança, de tal modo que desde muito novo me impressionaram duas árvores existentes na minha terra natal, a Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, existentes num prédio então pertencente ao senhor Arcádio Teixeira: uma araucária e um carvalho, ambas de enorme porte.

 

No texto desta semana, apenas vou fazer referência às araucárias, nomeadamente a algumas das espécies existentes em São Miguel, a sua origem, onde poderão ser encontradas e como terão cá chegado.

 

A araucária da Ribeira Seca, tal como a esmagadora maioria das araucárias existentes na ilha de São Miguel, é a Araucaria heterophylla, oriunda da ilha de Norfolk, podendo ser encontrada em todas as ilhas dos Açores, exceto no Corvo.

 

Outra araucária, um pouco menos comum, é a denominada pinheiro-da-Nova Caledónia (Araucaria columnaris), oriunda da Nova Caledónia e das Novas Hébridas (Vanuatu). Na ilha de São Miguel pode ser encontrada no Jardim do Palácio de Santana, no Jardim Botânico José do Canto, no Jardim da Universidade dos Açores, no Parque Terra Nostra, na Praia do Pópulo e no Bairro Alcino-Alves, na Relva.

 

A araucária-de-bidwill (Araucaria bidwillii), oriunda da Austrália pode ser encontrada na nossa ilha, nomeadamente no Jardim do Palácio de Santana, no Jardim Botânico José do Canto, no Parque Terra Nostra e no Parque Beatriz do Canto.

 

No Jardim do Palácio de Santana e no Parque Terra Nostra é possível encontrar outra araucária, conhecida pelo nome de pinheiro-do-Paraná (Araucaria angustifolia), originária do Brasil.

 

No Jardim do Pico Salomão é possível encontrar a Araucaria rulei, da Nova Caledónia.

 

A araucária-do-Chile (Araucaria araucana), nativa do sul do Chile e do sudoeste da Argentina é uma das cinco espécies presentes no Parque Terra Nostra.

 

No Jardim Botânico José do Canto e no Jardim do Palácio de Santana encontra-se a Araucaria cunninghamii, nativa da Austrália e da Nova Guiné.

 

De acordo com Carreiro da Costa os principais responsáveis pela introdução de araucárias na ilha de São Miguel, no século XIX, foram José do Canto, António Borges e Simplício Gago da Câmara. Enquanto os dois primeiros as adquiriram a viveiristas europeus, o último trouxe-as da Austrália.

 

O mesmo autor afirma também que através da consulta que fez ao “Agricultor Micaelense” chegou à conclusão de “que as primeiras araucárias semeadas ou plantadas em S. Miguel se deveram, realmente, ao construtor do Yankee Hall das Furnas, ou seja, a Thomas Hickling, ou então a alguém da sua família”.

 

Embora a madeira das araucárias possa ser usada para os mais diversos fins, entre nós a planta é usada para fins ornamentais, quer em jardins públicos ou privados.

 

Raimundo Quintal, no texto “Árvores monumentais nos jardins, parques e matas de São Miguel-Proposta de classificação”, publicado em 2919, defende a classificação das seguintes araucárias da ilha de São Miguel:

 

Araucaria bidwillii- um exemplar no Jardim Botânico José do Canto, um no Parque Beatriz do Canto e um no Parque Terra Nostra;

 

Araucaria columnaris- Um exemplar no Jardim António Borges, um no Jardim José do Canto, um no Jardim do Palácio de Santana, um no Jardim da Universidade dos Açores e um no Parque Terra Nostra;

 

Araucaria heterophylla- Um exemplar no Jardim António Borges, um no Jardim José do Canto, um no Jardim do Palácio de Santana, um no Parque Beatriz do Canto, um no Parque Terra Nostra e um no Centro de Monitorização e Investigação das Furnas, na margem Sul da Lagoa das Furnas.

 

Teófilo Braga

 

(Correio dos Açores, 17 de novembro de 2021, p.15)

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