Metrosíderos
em São Miguel
De
nome comum metrosídero ou árvore-de-fogo, a árvore mais emblemática do Campo de
São Francisco, em Ponta Delgada, é um Metrosíderos excelsa Sol. ex Gaertn., espécie originária da Nova Zelândia
que no local de origem é conhecida por (New Zeland) Christmas Tree.
O
metrosídero da espécie mencionada, que pode atingir, em média, 20 metros de
altura e possuir copas com mais de 30 metros de diâmetro, floresce entre nós
nos meses de maio, junho e julho.
O
metrosídero do Campo de São Francisco, que terá sido plantado por volta de
1870, tendo uma idade aproximada de 150 anos, foi incluído por António Emiliano
Costa no início da década de 50 do século passado numa lista de árvores
notáveis de São Miguel, publicada no Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais
do Arquipélago dos Açores.
A
28 de maio de 1965, o metrosídero que vimos referindo foi a primeira árvore a
ser classificada nos Açores como sendo de interesse público.
O
Metrosideros excelsa Sol. ex Gaertn., que nos
Açores apenas não existe nas ilhas de Santa Maria e São Jorge, é usado
sobretudo com fins ornamentais, em jardins, parques e arruamentos, também tem
sido utilizado como sebe viva.
Para
além do exemplar já referido, talvez menos conhecido do público devido à sua
localização, no Jardim do Palácio de Santana, criado em 1851, por José Jácome
Correia, existe um de porte notável que possui uma idade aproximada de 170 anos
e tem uma altura de 24 metros e uma copa com 37 metros de diâmetro.
De
acordo declarações do Eng. José António Pacheco, publicadas no suplemento
“Fugas” do Jornal Público, no passado dia 20 de março de 2021, o metrosídero do
Jardim do Palácio de Santana, para além da sua beleza, está associado a muitos
casamentos que ocorrem na ilha de São Miguel. Segundo ele, “quase todos os noivos tiram as fotografas debaixo do metrosídero. Parece quase uma catedral, tem essa mística
associada às árvores e as árvores por si estão associadas à ideia de família”.
Também
é digno de registo o exemplar de Metrosideros excelsa Sol. ex Gaertn.
existente no Jardim António Borges, que foi criado por António Borges da Câmara
Medeiros em 1858.
O
agrónomo e arquiteto paisagista António Saraiva, no seu livro “As árvores na
cidade”, publicado em 2020, considera que podendo a espécie referida “atingir
grande desenvolvimento, e que possui forte sistema radicular, deve-se evitar
plantá-la junto a edifícios ou tubos de drenagem”. O mesmo autor, também
considera que a espécie não deve ser usada como árvore de arruamento por ter
rebentação a baixa altura.
Embora
para alguns autores, como Virgílio Vieira, Mónica Moura e Luís Silva, o Metrosideros
excelsa Sol. ex Gaertn. já seja considerado uma espécie invasora em
encostas rochosas, o Decreto Legislativo Regional nº 15/2012/A (Regime jurídico
da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade) ainda inclui a
espécie, tal como a robusta, na lista das espécies exóticas com
interesse para a arborização.
Na
ilha de São Miguel, para além da espécie referida há outras espécies ou
variedades, como o Metrosíderos collina (J.R. Forst. & G. Forst.) A.
Gray ‘Tahiti’, existente no Parque Terra Nostra, o Metrosideros
excelsa Sol. ex Gaertn.’Variegata’, que existe em São Vicente Ferreira e o Metrosideros
umbellata Cav. que pode ser encontrado no Jardim do Palácio de Santana, no
Jardim da Universidade dos Açores, no Jardim Botânico José do Canto, no Parque
Terra Nostra e no Centro Experimental das Furnas, o Metrosideros
robusta A. Cunn que pode ser visto no Parque Terra Nostra e o no mesmo
parque também pode ser encontrado o Metrosideros kermadecensis
W.R.B.Oliv..
Raimundo
Quintal, no texto “Árvores monumentais nos jardins, parques e matas de São
Miguel-Proposta de classificação”, publicado em 2019, defende a classificação
de um exemplar do Metrosideros robusta A. Cunn existente no Parque Terra
Nostra e que seja mantida a classificação do Metrosíderos excelsa Sol.
ex Gaertn. exustente no Campo de São Francisco e que sejam classificados um
exemplar da mesma espécie existente no Jardim António Borges e dois existentes
no Jardim do Palácio de Santana.
(Correio dos Açores, 32621, 31 de dezembro de 2021,
p.19)
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