quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Bananeira

 


Bananeira

 

Neste texto faremos referência às bananeiras que consideramos mais comuns no nosso arquipélago, a bananeira-anã (Musa acuminata Colla) e a bananeira-de-prata (Musa x paradisiaca L.)

 

A bananeira (Musa spp.) é originária do Sudeste Asiático, sendo cultivada em regiões tropicais e subtropicais do mundo.

 

As bananeiras já existiam na região mediterrânica antes dos descobrimentos, tendo sido levadas pelos portugueses para as ilhas atlânticas africanas e para a costa ocidental africana ao sul da Gâmbia (Ferrão, 1999).

 

Na Madeira, a bananeira já era cultivada em 1552, vinda das Canárias ou de Cabo Verde e a sua introdução nos Açores terá ocorrido no século XV ou XVI, na chamada era dos descobrimentos.

 

Em 1884, ao descrever a flora e a fauna da Ilha Graciosa, António Borges do Canto Moniz escreveu o seguinte: “…Encontra-se na ilha esta excellente planta, e muito conveniente seria que se tratasse da sua vulgarização, porque além de ser de reconhecida utilidade ao homem, dá um aspecto muito particular á terra”.

 

Em 1952, o Eng.º Arlindo Cabral, no boletim nº 15 da CRCAA, sobre a Fajã das Almas escreveu que era vocacionada para a produção de bananas e que “a bananeira vegeta e frutifica muito bem no tracto de terreno, fundo, ligeiramente inclinado, portanto exposto à incidência dos raios solares e protegidos dos ventos do quadrante norte…”

 

A bananeira multiplica-se por divisão dos rebentos que nascem junto à base. Em Vila Franca do Campo é tradição fazer a plantação de bananeiras no mês de maio.

 

A bananeira é uma planta herbácea, com folhas muito grandes de limbo alongado e flores, que surgem ao longo de todo o ano, encontram-se em recetáculos de cor violeta. O seu fruto, carnudo e indeiscente, é muito rico em vitaminas e açúcares o que o torna um excelente alimento.

 

Feijão (1986), depois de mencionar que os frutos são ricos em vitaminas A, B1, B2, C, D e E” e que “são muito alimentícios”, apresentou a forma como se faz “Licor de Banana”. Assim, segundo ele: “ferver a polpa de três bananas num litro de água; adicionar meio copo de álcool e 50 g de açúcar; filtrar.”

 

Vieira, Moura e Silva (2020), para além de referirem os usos ornamental e alimentar, mencionam que a banana tem “propriedades antifúngicas, antibióticas, enzimáticas e revigorantes” e que “a casca usada diretamente serve para hidratar a pele, prevenir as rugas, eliminar hematomas e acelerar a cicatrização de feridas.”

 

Augusto Gomes (1993) menciona o uso, para tratar as calosidades, da “raspa da parte interior da casca da banana.”

 

Em 1992, nas Calhetas, concelho da Ribeira Grande, extraía-se “o sumo da folha da bananeira” e esfregava-se “na ferida” para tratar a erisipela.

 

 

Bibliografia

 

Ferrão, J. (1999). A aventura das plantas e os Descobrimentos Portugueses. Lisboa, Instituto de Investigação Tropical e Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. 75 pp.

 

Feijão, R. (1986). Medicina pelas plantas. Lisboa, Progresso editora. 334 pp.

 

Gomes, A, (1993). A alma da nossa gente: repositório de usos e costumes da Ilha Terceira, Açores. Angra do Heroísmo, Direção Regional dos Assuntos Culturais. 498 pp.

Moniz, A. (1884). Ilha Graciosa (Açores)- Descripção Histórica e Topographica. Angra do Heroísmo, Imprensa da Junta Geral.


Vieira, V., Moura, M., Silva, L. (2020). Flora terrestre dos Açores. Ponta Delgada, Letras Lavadas. 356 pp.



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