sábado, 13 de abril de 2024

Nogueira


Nogueira

A nogueira (Juglans regia L.) é uma planta pertencente à família Juglandaceae, originária do Nordeste da Europa e Ásia. É cultivada em zonas temperadas de diversos continentes.

A nogueira chegou a São Miguel com os primeiros povoadores. Assim, no capítulo LXVIII do livro IV das Saudades da Terra, Gaspar Frutuoso ao escrever sobre a vida de Rui Gonçalves da Câmara, quinto capitão da ilha de São Miguel mencionou o seguinte:

“Procurou este Capitão, em seu tempo, dar lustro a esta ilha, atraindo a si muitos homens honrados, fazendo-lhe todas as honras e favores possíveis. Alguns dizem que ele mandou vir a semente de pastel, de Tolosa, de França, e muitas aves e árvores diversas. E assim mandou fazer o mais rico pomar de toda a ilha, na sua quinta do Cavouquo (sic) onde tinha uma fonte de água, além de muitas árvores de espinho de toda a sorte que nele havia; não faltavam grandes castanheiros e nogueiras que davam muitas nozes e castanhas, pereiros e pereiras, de que se colhiam em seu tempo infinidade de peros e outras frutas, e esquisitas árvores que com muita curiosidade mandava vir de remotas terras.”

A nogueira é uma árvore de copa ampla, muito ramificada e folhagem densa, com folhas caducas, alternas com folíolos elíptico-ovados a lanceolados, verdes em ambas as faces, as flores masculinas são amarelas-esverdeadas e as femininas também amareladas são muito pequenas. Os frutos, as nozes, são ovoides de cor esverdeada.

Um texto publicado no “Almanak Rural dos Açores para 1854” refere que “a nogueira é digna d’estimação a muitos respeitos, mas principalmente, por produzir bom fructo, ao mesmo tempo que excelente madeira.”

O médico-cirurgião terceirense Acúrcio Garcia Ramos (1871) no seu livro “Notícia do Arquipélago dos Açores e do que há mais importante na sua História Natural” recomendava que “se fizessem mais extensas plantações da nogueira vulgar, por ser uma árvore bela e muito útil”.

Acerca da utilidade da planta, o autor citado refere o seguinte:

As folhas e todas as partes herbáceas têm um cheiro bastante aromático e acre, e um sabor amargo e ácido, que constituem um remédio usado contra as escrófulas. Os frutos ainda novos preparam-se de conserva, e faz-se além disso com eles um doce delicado e um licor alcoólico forte. A casca e o pericarpo verde das nozes fornecem uma bonita cor roxa, e o miolo, bastante saboroso, contém um óleo gordo que seca rapidamente. Os marceneiros e fabricantes de móveis dão muito apreço à madeira, que toma com o tempo uma linda cor pardo-escura”.

A sua madeira é de ótima qualidade, sendo muito usada na construção de mobiliário. Os seus frutos, as nozes, são recomendados a quem quer seguir uma dieta alimentar equilibrada.

Cunha, Silva e Roque (2007) apresentam como principais indicações da nogueira as seguintes: “externamente, inflamações cutâneas; psoríase; doenças fúngicas; diaforese excessiva dos pés e das mãos. Internamente, como anti-helmíntico.”

Gomes (1993) refere que na ilha Terceira para tratar as frieiras era uso “lavar com um cozimento de folhas de nabo com nogueira.”

Henrique de Barros e L. Quartim Graça (1960) sobre esta planta escreveram o seguinte: “Multiplica-se por sementeira ou por enxertia. As variedades comuns reproduzem-se fielmente por sementeira. As de fruto grande requerem enxertia: usa-se muito o enxerto de encosto e também o de canudo…”.

Os mesmos autores referem que a época de plantação é de outubro a abril, que a frutificação acontece aos 12 anos e que a nogueira não necessita de qualquer poda.

Para além da Juglans regia, na ilha de São Miguel pode ser encontrada a nogueira-preta ou nogão (Juglans nigra L.), que deve o seu nome ao facto da sua madeira rijíssima se tornar preta ao contatar com o ar.

Como ornamental, é possível encontrar as duas espécies no Pinhal da Paz e na Mata -Jardim José do Canto, nas Furnas.

Teófilo Braga

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