sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Novelão

 


Novelão

 

O novelão ou hortênsia (Hydrangea macrophylla (Thunb.) Ser.) é uma planta da família Hydrangeaceae, nativa do Japão e da China que se encontra naturalizada em várias regiões do mundo, entre as quais os Açores, onde pode ser encontrada em todas as ilhas.

 

O novelão foi introduzido na Europa em 1775 e em 1790 já era usada como ornamental nos jardins ingleses.

 

A sua chegada aos Açores terá ocorrido no século XIX, desconhecendo-se a data precisa da sua introdução e o responsável pela mesma. Sabe-se, contudo, que a espécie constatava de uma lista das principais plantas existentes no Jardim Botânico José do Canto na primavera de 1856.

 

Em 1953, o novelão fazia parte de uma lista das “Principais plantas cultivadas e espontâneas nos Açores” elaborada pelo Regente Agrícola Silvano Pereira, publicada no nº 18 do Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais do Arquipélago dos Açores. Sobre a planta pode ler-se o seguinte: “arbusto ornamental, cultivado.”

 

O novelão é um arbusto caducifólio lenhoso na base que pode atingir 3 m de altura. As suas folhas são simples, com os bordos serrilhados, ovais a elíptico-orbiculares e acuminadas. As flores vão do branco ao azul, passando pelo violeta e pelo róseo, dependendo do pH dos solos. Assim, nos solos ácidos as flores são azuis e nos básicos ou alcalinos cor-de-rosa.

 

O novelão escapou-se dos parques e jardins e colonizou pastagens abandonadas e outros locais onde a sua vegetação foi perturbada por um motivo qualquer, sendo considerada invasora sobretudo nas ilhas do Faial, das Flores e do Corvo. Apesar disso, é inegável que na altura da floração, de maio a outubro, a paisagem transforma-se ficando com tonalidades que vão do branco ao azul. Os frutos são cápsulas subglobosas.

 

A propagação do novelão faz-se por estacaria, colocando-se na terra, de preferência no inverno e na primavera, pedaços dos seus ramos.

 

Sobre as suas utilizações, Vieira, Moura e Silva (2020) mencionam o seguinte: “Ornamental. Medicinal (planta rica em compostos orgânicos fenólicos derivados da isocumarina; o extrato da folha é potencialmente benéfico no combate da malária e dos diabetes; tem efeitos psicotrópicos).

 

O novelão é também usado nas divisórias de propriedades e no artesanato, onde persiste a arte de trabalhar o seu miolo para criar composições florais em miniatura.

 

1 de março de 2025

 

Teófilo Braga (IRIS-Núcleo Regional dos Açores)

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Mélia

 




Mélia

 

A mélia (Melia azederach L.) também conhecida por amargoseira, lilás-da-índia e sicómoro é uma planta nativa da Ásia-sul e oriente, encontrando-se naturalizada no sul da europa e norte de África.

 

nome genéricomelia, provém do grego antigo e significa freixo, em virtude da semelhança entre as folhas das duas espécies e o específico deriva do persa, significando árvore nobre.

 

Pertencente à família Meliaceae, a mélia, que pode atingir 20 m de altura ou mais, é originária da Ásia-Sul e Oriente, e está em flor, entre nós, nos meses de abril e maio.

 

A mélia terá sido introduzida na Europa em 1759 ou mais cedo, havendo quem aponte a data de 1656. Em Portugal, sabe-se que existia, em 1799, na Quinta dos Senhores de Belas provavelmente vinda de Goa (Saraiva, 2020)

 

Não sendo conhecida a data precisa da introdução nos Açores, sabe-se que a mélia já estava presente no jardim de José do Canto em Ponta Delgada, no ano de 1858. Doze anos depois, em 1868, a mélia fazia parte de uma lista de plantas multiplicadas em grande quantidade por José do Canto disponíveis para oferta ou permuta.

 

Em 1953, a mélia ou sicómoro fazia parte de uma lista das “Principais plantas cultivadas e espontâneas nos Açores”, elaborada pelo Regente Agrícola, Silvano Pereira e publicada no BCRCAA, nº 18.

 

A mélia, que apresenta uma copa arredondada, é uma árvore caducifólia. Aas suas folhas são compostas com folíolos lanceolados, acuminados, com margens serradas de cor verde-clara. As flores são hermafroditas de coloração arroxeada e surgem dispostas em panículas. Os frutos, que possuem uma semente dura no seu interior, são drupáceos de pequenas dimensões, com uma coloração amarelada, quando estão maduros.

 

 

A mélia é cultivada como ornamental em quase todo o mundo e é usada em jardins ou em arruamentos. As suas folhas e a casca são utilizadas com fins medicinais, sendo-lhes atribuídas propriedades vermífugas, purgativas e eméticas: As flores são muito aromáticas e muito visitadas pelas abelhas e outros polinizadores. A sua madeira é muito fácil de trabalhar pelo que pode ser usada em carpintaria. Embora os seus frutos sejam muito apreciados pelas aves, são tóxicos para os humanos e para alguns animais, como os suínos. As sementes eram usadas para fazer rosários.

 

De acordo com Saraiva (2020) a mélia multiplica-se facilmente “por semente na primavera, não necessitando de tratamento especial, salvo tirar-lhe a envoltura carnosa. A germinação leva cerca de 2 meses.”

 

Para além da beleza que dá aos locais onde está plantada as mélias contribuem para uma melhor qualidade de vida. A Câmara Municipal de Almada (1) apresentou a seguinte informação para um exemplar localizado na Praça de Ceuta, na Cova da Piedade:

  • Tem uma circunferência de tronco de 240 cm
  • Tem uma altura de 17,9 m
  • Tem uma área foliar de 1108 m2
  • O tronco e os ramos têm 2274 kg de carbono
  • Produz oxigénio suficiente para 1 pessoa respirar durante 118 dias.
  • Retém 1742 litros das águas da chuva, o que ajuda a reduzir as inundações
  • Limpa o ar ao remover 1792 gramas de poluentes.
  • Armazena 100468 gramas de CO2.

 

Introduzida nos Açores com fins ornamentais, é possível encontrar mélias sobretudo em jardins públicos e particulares, bem como praças e arruamentos. Na ilha de São Miguel, podem ser observadas no Jardim da Universidade dos Açores, no Parque Urbano, no Parque Século XXI, no Parque de Estacionamento de São Francisco Xavier, em Ponta Delgada, e no Jardim de Santa Cruz, na Lagoa

 

(1) https://www.cm-almada.pt/viver/intervencao-ambiental-clima-e-sustentabilidade/arvores/melia-azedarach-melia